Influência de presidente da Câmara dos Deputados preocupa mercado de apostas

A pressa é porque o objetivo do governo federal de zerar o déficit das contas públicas no próximo ano passa pela regulamentação das apostas esportivas e a expectativa de arrecadação.

Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados - Foto: Agência Câmara

Os pedidos de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, de alterações na regulamentação das apostas esportivas no Brasil têm preocupado o setor. Foi dele, por exemplo, a exigência que o assunto fosse tratado por meio de Medida Provisória quando o Ministério da Fazenda já tinha pronto o texto de uma Medida Provisória.

O interesse inicial do ministro Fernando Haddad era que a MP fosse enviada pelo governo porque ela passa a valer imediatamente até a sua aprovação ou não pelo governo federal no prazo de até 120 dias, com maioria simples (metade mais um dos deputados presentes em plenário na sessão legislativa).

O projeto de lei depende da vontade política da cúpula do Congresso, ao qual Lira faz parte, para tramitar em regime de urgência constitucional.

Isso tranca a pauta após 45 dias na Câmara dos Deputados e sua aprovação depende da maioria absoluta. Seriam necessários 257 votos.

A pressa é porque o objetivo do governo federal de zerar o déficit das contas públicas no próximo ano passa pela regulamentação das apostas esportivas e a expectativa de arrecadação.

Meta faz parte do novo arcabouço fiscal estabelecida pelo Ministério da Fazenda

De acordo com documentos apresentados, será preciso elevar as receitas e isso dependerá da geração de mais recursos por meio de atividades que ainda necessitam de aprovação no Congresso Nacional.

A avaliação governamental é que o aumento da arrecadação deverá ser de R$ 110 bilhões.

O arcabouço fiscal é um conjunto de regras que será o norte adotado pelo governo para o crescimento de suas despesas. Há o temor, mesmo entre pessoas do governo, que Lira faça novas exigências.

Entre elas, que a regulamentação do mercado seja transferida da Fazenda para o Ministério do Esporte, uma pasta de menor estrutura, com pouca expertise em arrecadação e que estaria mais suscetível a pressões externas.

A expectativa é que a taxação das apostas pode render ao governo anualmente em impostos um valor que pode variar de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões.

O governo paralisou a edição da Medida Provisória porque quer evitar qualquer problema com o presidente da Câmara, pensando em negociações e aprovações futuras de projetos de interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A demora frustrou a equipe econômica.

Arthur Lira já mostrou ter interesse no assunto. No ano passado, ele ajudou a aprovar, em votação na Câmara, projeto de legalização dos jogos de azar. Estão incluídos bingos, jogos do bicho e online.

De acordo com o texto, enviado ao Senado, 10% da arrecadação seriam destinadas a programações e ações na área do esporte.

Em abril, havia assinado a criação da CPI das Apostas Esportivas, com a presença de 34 integrantes e a relatoria do deputado Felipe Carreras, líder do PSB na Câmara e autor do requerimento.

Desde sua implantação, a comissão tem convocado dezenas de jogadores, dirigentes e autoridades para falar sobre mercado e manipulação de resultados.

Na última semana, os deputados aprovaram requerimentos para ouvir o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a ministra do Esporte, Ana Moser. Mas como se tratam de convites, eles podem não comparecer.

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